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ECONOMIA

'Esperamos um olhar mais atento para SC', diz presidente da Fiesc

  • RCN Arquivo -

No Dia Nacional da Indústria, comemorado em 25 de maio, a Federação das Indústrias de SC (Fiesc) completou 71 anos de fundação. A entidade preparou uma série de eventos para comemorar a Semana da Indústria, com palestras, debates, e apresentações transmitidas pelo YouTube da Federação.

A Fiesc faz aniversário em meio à discussão de diversas pautas importantes que envolvem infraestrutura, setor tributário, política, e pandemia. Em entrevista à Rede Catarinense de Notícias, o presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, fala sobre como a atual situação da Covid e do Estado afetam o setor industrial.

Além disso, deixa claro a incapacidade de investimentos dos governos estadual e federal e faz a avaliação sobre o processo de impeachment em Santa Catarina.

Rede Catarinense de Notícias - Na semana passada, houve uma reunião com o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) para tentar trazer mais recursos para a infraestrutura catarinense. Como foi o encontro?

Mario Cezar de Aguiar - O importante foi a união do Fórum Parlamentar na busca por uma resposta para o corte que houve. Temos um resultado positivo que foi a promessa do ministro para finalizar a BR-285, que demandava poucos investimentos. O ministro mostrou a dificuldade que seu ministério tem em realizar as obras já que o orçamento é de apenas R$ 5,5 bilhões para todo o país e para todos os modais. Solicitou que a bancada catarinense pudesse transferir das emendas de bancada direcionamento para rodovias. O que ficou claro é a total incapacidade deste governo e dos próximos em atender a toda a necessidade de demanda em investimento em transporte em Santa Catarina por conta que durante muitos anos se deixou de investir e a estrutura de transporte não condiz com a pujança da economia catarinense. O que nós estamos propondo, e conversamos sobre isso com o ministro, é a necessidade de Santa Catarina ter um banco de projetos para que possam sair investimentos privados, sejam eles nacionais ou internacionais, possa resolver a questão da nossa infraestrutura. Cito aí a concessão do Aeroporto de Florianópolis que deixou um aeroporto em condições modernas e de conforto e segurança, sem trazer despesa para o usuário. Foi uma reunião importante. Esperamos que haja um olhar mais atento para Santa Catarina para que possamos ter os investimentos para o Estado.

RCN - Ainda na infraestrutura, agora na esfera estadual, a gente tem a discussão na Alesc sobre os recursos estaduais às BRs, e também já tem o anúncio de desejo de privatização dos portos de São Francisco do Sul, Imbituba e Laguna. Qual a avaliação sobre os debates aqui?

Aguiar - Com relação aos portos, nós somos favoráveis à privatização. Não é competência do Estado administrar portos. O Estado tem que se preocupar com as prerrogativas do cidadão, como acesso à educação, segurança. A iniciativa privada tem provado que tem mais condições de trazer benefícios para a nossa economia na exploração de portos. Os portos de Navegantes e Itapoá, que são privados, têm uma eficiência bastante elevada. Com relação à derrubada do veto, desde o início nós fomos favoráveis, mas colocamos que deveria haver uma compensação do governo federal, talvez por conta da redução da dívida que o Estado tem com a União. Nós achamos fundamental: haverá um retorno muito rápido para a economia do Estado e recuperação em termos de impostos.

RCN - A Fiesc divulgou uma atualização dos dados de confiança do empresário em maio. Houve aumento. Qual a avaliação do senhor sobre esse otimismo?

Aguiar - O mundo todo vive um momento de incerteza por conta da pandemia. Certamente o espírito empreendedor catarinense garante que Santa Catarina tenha níveis maiores do que a média nacional. O otimismo é importante, reflete na intenção de investir, que é fundamental para que a gente faça os investimentos.

RCN - Houve uma queda da confiança em março e abril, justamente quando houve piora da pandemia. O senhor vê essa confiança acompanhando a melhora e piora da pandemia? E como o senhor avalia o combate feito no Estado?

Aguiar - Eu queria fazer um referência ao procedimento do governo de ouvir a sociedade sobre qual seria a melhor maneira de enfrentar a pandemia. No primeiro momento, em março de 2020, havia a decisão de fazer o lockdown para todas as atividades. O governo então entendeu a necessidade de manter as atividades em funcionamento e isso fez com que o Estado fosse o primeiro a se recuperar do primeiro impacto. Foi uma medida acertada. O governo tem discutido com o setor produtivo. E agora, após a segunda onda em março, houve um incremento dos infectados. Hoje nós estamos estabilizados, mas é um número preocupante. Temos que aumentar o controle, a informação para a sociedade, e manter os protocolos de segurança. A gente sabe que há um cansaço da população pela pandemia, mas os cuidados devem ser mantidos sob pena de podermos voltar a ter crescimento de infectados.

RCN - Sobre a economia, o dólar segue alto, há uma alta nos juros e a inflação também está em patamar elevado. Como isso afeta a indústria em SC?

Aguiar - A desvalorização do real ocorreu, mas começou a ter uma valorização agora. Ele favorece muito os exportadores, e coloca o Brasil num nível de competitividade melhor, mas por outro lado, as importações encarecem a nossa produção. Seria melhor uma pequena recuperação do real. Isso depende de uma estabilidade política e da aprovação das reformas. Da mesma forma, os juros foram colocados para evitar o crescimento da inflação. Houve uma desorganização do setor produtivo em razão da mudança de consumo. Na falta de alguns produtos, normalmente há uma elevação de preços. Os juros foram elevados para combater a inflação. A inflação está em um caminho ascendente e não é bom. A gente tem um histórico de inflação bastante preocupante e trouxe grandes prejuízos notadamente para as classes menos privilegiadas. Temos que ter medidas de combate à inflação. Temos uma visão otimista: esperamos que não tenhamos um aumento das infecções e que possamos dar respostas muito rápidas em termos de desenvolvimento e crescimento.

RCN - Falando em estabilidade política, acabamos em passar por um processo de impeachment e o ano que vem é eleitoral. Isso encurtou o espaço para discussões importantes como a reforma da previdência. Como o senhor vê esse impasse?

Aguiar - O processo de impeachment trouxe prejuízos enormes para o Estado. Gerou insegurança, houve instabilidade, houve troca de secretariado. Isso pode ter impedido investimentos em Santa Catarina, a vinda de empresas. Certamente os projetos não tiveram o andamento adequado. Felizmente está questão está equacionada. Com relação à reforma da previdência, ela é necessária. Há um déficit muito grande. Nós recebemos a proposta que o governo tinha enviado no ano passado e contratamos um parecer. Num primeiro momento, vimos como uma reforma tímida. Mas ela é necessária. Há um custo muito grande para o erário público e acaba inibindo os investimentos em áreas tão necessária. No mesmo sentido, nós defendemos uma reforma administrativa.

RCN - Ainda não há um novo projeto. A Fiesc vai repetir esse esforço de produzir um parecer?

Aguiar - A nossa visão é sempre colaborar, fazer uma análise profunda. A gente vai em busca de quem pode nos auxiliar, mas certamente nós vamos nos manifestar. A indústria é muito importante na economia de Santa Catarina. Temos mais de 800 mil empregos, 34% dos empregos formais do Estado. É nosso dever como representante nos posicionarmos nessas questões que importam para Santa Catarina.

RCN - Sobre o mercado de microcrédito à indústria, há uma proposta de subsídio de juros parada na Assembleia e houve a aprovação do Pronampe com juros mais caros do que antes. Qual é a condição das indústrias catarinenses de acessar o crédito?

Aguiar - As micro e pequenas empresas são as mais afetadas e tem mais dificuldade de acesso ao crédito em bancos privados então é preciso que haja medidas do governo de ajudar o setor para que possa se manter gerando emprego. O Pronampe foi uma proposta importante e inclusive teve autoria do senador catarinense Jorginho Mello (PL). As micro e pequenas empresas são 85% da economia catarinense. É fundamental essas empresas terem apoio para enfrentar essas dificuldades que vieram com a pandemia.


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